INVEJA 1

     De repente, pegou-se invejando tudo e todos. Tinha inveja da cinturinha de pilão da vizinha, da mansão da irmã, do casamento da colega de trabalho, das roupas da amiga, do salário da chefe…todas mulheres, todas convidadas para uma festa espetacular que ela assistia com o nariz colado na vidraça. 

     Olhando-se de fora, sua vida era boa e calma, com mil atribuições e muita correria, mas nada de absurdo ou de insustentável. Como dizia São Tomás de Aquino, “o bem alheio é considerado um mal próprio” e “a inveja é a tristeza em relação ao sucesso dos outros”. Nada como um santo para definir bem o que ela sentia. Sim, mas a definição não a ajudava em nada, quando vinha a sensação de borbulhamento no peito, queimando como um ácido, quando seu olho gordo batia nos jardins da casa da irmã. Não gostava da sensação, era incômoda. E, depois, vinha a culpa, sua eterna companhia desde que se entendera por gente. 

     O que fazer se o sentimento havia eclodido subitamente, sem que ela tivesse podido detê-lo? Não sabia, não entendia, queria sumir. 

     Em qual filme, mesmo, havia a fala: “você cobiça o que vê todos os dias”? Ah, Hanibal Lecter (Anthony Hopkins), de O Silêncio dos Inocentes, quando traçava o perfil psicológico do serial-killer para Clarice Starling (Jodie Foster). “Você cobiça o que vê todos os dias”.

     Mas, por causa disso, não iria sair matando todo mundo. Achou melhor estourar o cartão de crédito e traçar um sorvete triplo.

     E eu, cá comigo pensava: “Hum…isso não vai dar certo…” Será? Veremos nas cenas dos próximos capítulos.

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3 Comentários

  1. HELIA JAQUELINE ALVES LINCES

    Esperarei ansiosa pelas próximas linhas!!!

  2. Alvarina P;Vieira

    Considerei interessante o principio da leitura que me deixou curiosa para o próximo “capítulo”.

    • escrita

      Já leu o Inveja 2, Alvarina?

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