HIERARQUIA – a segunda lei das Constelações Sistêmicas

Janaína é uma mulher bonita, de 36 anos, mãe de uma adolescente de 16. Por ter tido a filha bem jovem, sente que a vida lhe roubou algo e, agora, quer tirar o atraso. Separada há algum tempo, é presença constante nas baladas noturnas. A estabilidade financeira lhe garante acesso aos melhores restaurantes, bares e hotéis. Janaína, não raro, volta para casa de madrugada, geralmente alcoolizada.

Camila, a filha, é um poço de responsabilidade: não fuma, não bebe e não consegue iniciar um relacionamento amoroso, apesar de, linda como é, ter muitos pretendentes. Os finais de semana da menina são povoados de preocupações excessivas com a mãe: Onde ela estará? Com quem? Estará bebendo? Vai voltar a que horas? Camila zapeia a mãe insistentemente. Janaína não responde. A filha, aflita, telefona. A mãe atende irritada:  “Camila, pelamordedeus! Sai do meu pé! Vai cuidar da sua vida! Tô aqui me divertindo e você me enchendo! Tchau! Fui!”. Camila não dorme enquanto a mãe não chega e maldiz cada fim de semana, que lhe tira a paz por completo. Já está toda atrapalhada nos estudos e os amigos já não lhe convidam para sair, porque sabem que ela rechaçará a ideia. Atém disso, Camila briga com a mãe, chamando-a de louca e incompetente. Camila sente raiva de ter de suportar tamanha carga.

Eu sei o que você está pensando, ao ler essa descrição de parte da vida dessas duas mulheres: “Nossa, que coisa esquisita! Não está havendo aí uma inversão de papéis? Não era para a mãe estar no papel da filha e vice-versa? Por que Janaína é tão tresloucada e Camila tão séria e responsável? Essa menina não está vivendo a adolescência dela! É isso que dá não viver as etapas no tempo certo, depois a pessoa fica querendo tirar o atraso. Bah!!!” Acertei? É isso o que você pensou? Pois, bem! Você está corretíssimo na sua análise.

Para as Constelações Sistêmicas, ferramenta de cura criada pelo alemão Bert Hellinger, a Hierarquia diz respeito a quem chegou primeiro na família. Os bisavós chegaram antes que os avós, que chegaram antes que os pais, que chegaram antes que os filhos. Portanto, devem ser olhados com respeito, pois é através deles que a família se constituiu e se mantém. Essa é a primeira lição que Camila deveria receber: ainda que seja muito difícil, deve tentar não julgar a mãe e deve abster-se de referir-se à ela com adjetivos pejorativos.

A segunda lição para Janaína e Camila é que a primeira deve ser mãe e a segunda precisa entrar no papel de filha. Na prática, isso quer dizer que a mãe precisaria refletir que houve, sim, uma opção pela maternidade ainda jovem e, dessa forma, deveria ser responsável pelos cuidados com Camila. E a menina precisaria liberar a mãe para assumir suas próprias escolhas. Portanto, as consequências de chegar alcoolizada em casa, tarde da noite, deverão ser assumidas por Janaína. Se Camila conseguir entregar para a mãe a responsabilidade por seus atos, sem julgar, sem controlar, sem se intrometer, poderá voltar para seu lugar de filha e olhar para seus estudos e relacionamentos sociais e amorosos.

Ocupar um lugar que não é seu é um sugador de energia e um desrespeito ao Sistema Familiar. Muitas pessoas não sabem disso e flanam pela vida altamente incomodadas, sem se dar conta da sua verdadeira posição. Sabe aquele seu irmão caçula que se gaba de ser mais competente que você em vários aspectos? Aquele seu amigo que adora dar ordens aos próprios pais para que sejam assim ou assado? Estão fora de lugar e carregam um peso que não é seu.

Caso você tenha se identificado com Janaína, Camila, seu irmão ou amigo, saiba que pode clarear seu caminho através de uma sessão de Constelações Sistêmicas. Pode apostar que, a partir daí, a vida fluirá com mais leveza.

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