Quando o Mau Humor é Doença

 

Dona Etelvina é uma septuagenária bastante rabugenta. Implica com tudo e todos, briga com o balconista da padaria por qualquer coisa pequena, resmunga na fila do supermercado, mesmo tendo direito ao caixa prioritário. Seus programas de TV preferidos são os telejornais noturnos, principalmente aqueles sensacionalistas, dos quais o sangue jorra tela afora. Também gosta de comentar como a vida está dura, como a crise financeira e política do país está insustentável e como tem certeza de que irá chover, mesmo que o céu não apresente nenhuma nuvem. Os filhos e netos já desistiram de tentar animá-la e fazê-la ver que a vida tem muitas belezas. Cansaram e, agora, a deixam viver atolada no seu mau humor. O marido se isola cada vez mais e prefere passar seu tempo de aposentado com os amigos, na praça ou no bar da esquina. Dona Etelvina afasta todos ao seu redor. Com sua permissão, afirmo que Dona Etelvina é uma chata. (Não me julgue! Você também acharia, se a conhecesse.)

A vida não mudou de repente, para essa senhora. Ela sempre teve seus genes impregnados de pessimismo, ainda que, agora, eles estejam mais em evidência. Acontece que ela sempre achou que seu jeito de ser era esse, mesmo; que enxergar a vida com óculos cinza fazia parte da sua personalidade. Mas o que Dona Etelvina não sabe é que as coisas não precisariam ter sido desse modo; que ela poderia ter levado uma vida muito mais leve e prazerosa. Dona Etelvina sofre de distimia, que é uma condição patológica de mau humor crônico, no qual a vida oscila entre o ruim e o pior.

Dentre os sintomas, encontramos:

* irritabilidade

* Mau humor;

* Baixa autoestima;

* Desânimo e tristeza;

* Predominância de pensamentos negativos;

* Alterações do apetite e do sono;

* Falta de energia para agir;

* Isolamento social;

* Tendência ao uso de drogas lícitas, ilicítas e de tranquilizantes.

O diagnóstico deve ser feito o mais precocemente possível e o tratamento inclui prescrição de antidepressivos e psicoterapia. Nem só um, nem só outro, uma vez que já está provado que essa dupla, junta, é responsável pela administração ou solução da maioria dos casos.

Agora, pare um pouco e pense:
Você conhece alguém nessa condição de mal humorado crônico?
Seus amigos andam se afastando de você, devido à sua cara amarrada e ao seu pessimismo?
Esses sintomas já duram há mais de 2 anos?

Se você respondeu sim à essas perguntas ou pelo menos parou pra pensar e seu alarme acendeu, é bem provável que o problema seja a distimia. Então, não protele, não procrastine, não empurre com a barriga! Se conhece alguém nessas condições, alerte-o! Se o mal humorado é você mesmo, procure ajuda! A vida pode ser muito melhor do que você pensa.

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