Quem Quer Dinheirooooo?

A fila dobrava a esquina. Um senhor de chapéu, um motoboy, uma “patricinha” bem maquiada, um trabalhador da construção civil, que enxugava a testa, exposta ao calor do meio-dia, uma dona de casa cheia de sacolas, um rapaz de bermuda e boné, que, enquanto teclava, sorria para o celular, o homem alto, de terno…o motivo da aglomeração podia-se ler na faixa acima da loja: “Mega-sena acumulada – 33 milhões de reais”.
Fiquei uns minutos observando a cena e imaginando o que cada um, ali, faria com tanto dinheiro, caso ganhasse. Apartamentos, casas, viagens, carros, restaurantes, jóias, ajudar a família, parar de trabalhar, dar um chute no chefe insuportável, acordar tarde…em suma, começar a viver porque isso que se leva, isso de acordar cedo e trabalhar o dia inteiro pra pagar conta, não é vida, certo?
Alguns poucos pensarão em ajudar os necessitados: asilos, creches, moradores de ruas…creio que serão a menor parte, já que as inúmeras possibilidades reluzentes que a vida passará a oferecer cegarão – pelo menos por um tempo – a realidade.

 

Fiquei pensando no que euzinha faria com tanta grana e não me distancio muito do que descrevi acima. Talvez não comprasse jóias, porque não gosto, nem demitisse meu chefe porque, autônoma que sou, eu mesma me emprego. Com certeza iria ajudar os menos beneficiados, mas não sem antes verificar o que esses poderiam dar em troca. Ou seja, não daria o peixe, ensinaria a pescar. Àqueles que, realmente, estivessem precisando de uma ajuda substancial e cuja realidade tocasse meu coração, eu daria mais do que a mão, talvez o braço inteiro. 

Bem, após te contar que eu não fugiria do comportamento padrão do novo milionário, gostaria de levantar uma questão importante: por que será que alguns ganhadores da mega-sena ou qualquer outro tipo de loteria, perdem absolutamente tudo, em pouco tempo? Se você duvida, é só dar um Google e verificar que muitos milhões foram torrados com mulheres, fretamento de jatinhos, cirurgias plásticas, doação liberal a estranhos e
drogas, além de outros destinos para o dinheiro ganho inesperadamente. A explicação gira em torno do descontrole financeiro ligado à incapacidade de administração do patrimônio. Sim, é uma boa explicação, mas não vai ao fundo da questão. Quer aprofundar um pouco mais? Então, vem comigo!

Observemos esse assunto pelo prisma das Constelações Sistêmicas (http://psicologia.escritaquecura.com.br/constelacoes/). O dinheiro, na verdade, é um pedaço de papel que nos possibilita viver. Sem dinheiro, não comemos, não moramos, não vestimos. Portanto, o dinheiro é absolutamente indispensável às atividades humanas. E, se é indispensável, é energia que deve ser posta a serviço da vida. Nosso olhar para esse pedaço de papel, ao qual damos maior ou menor importância a partir do que nos foi passado pela nossa família, definirá se ele fica ou não em nossas mãos. 

Na nossa cultura judaico-cristã, o dinheiro é visto de forma quase maléfica. Os ricos não entram no reino dos céus; para se ganhar a vida eterna, não basta cumprir os mandamentos, é necessário vender tudo e doar o dinheiro aos pobres; não se pode servir a dois senhores…Dessa forma, no inconsciente de alguns, é melhor permanecer pobre do que correr o risco de arder no fogo do inferno. Então, muitos, apesar de sonhar com abundância e prosperidade financeira, patinam no mar da pobreza e das dívidas, sem se ater que, inconscientemente, se agarram ao ideal religioso/cultural que lhes foi incutido desde sempre.

Além disso, para permanecer com quem o recebe, o dinheiro exige que a troca seja justa, para ambos – o receptor e o doador. Dessa forma, atendo meus clientes com o máximo de empenho. Sou estudiosa, engajada, interessada. Em contrapartida, estabeleço um valor de investimento pelos meus serviços. Assim, quem desejar me contratar deve ter em mente que precisará investir dinheiro e tempo em seu processo psicoterápico. Esse dinheiro que eu ganho, será posto a serviço da vida: compro legumes no sacolão, pago conta de luz, viajo ou tomo um sorvete delicioso. Simples, assim: vida! Porém, se me sinto recebendo mais do que dou, a vida dará um jeito de fazer com que meus reais escoem pelo ralo. Simples, assim, também. Quer um exemplo? Uma cliente recebeu um dinheiro inesperado, do qual não se achava merecedora. Na sessão de terapia, chorava, dizendo: 
– Não fui eu que trabalhei, não fui eu que ralei…não mereço esse dinheiro…
O resultado é que roubaram o estepe de seu carro. Assim, o dinheiro que entrou por uma porta, saiu por outra, ao ser utilizado para pagar nova roda e um alarme mais potente. É como se a vida dissesse: “Não se acha merecedor/a dessa benção? Ok, então vai ficar sem ela!”

Pode ocorrer, também, que o emaranhamento esteja lá atrás, em algum antepassado que foi lesado ou foi o causador do dano. Vejamos: o bisavô de um cliente fez sociedade com um amigo, para administrarem, juntos, algumas terras produtivas e fazendas de gado leiteiro. Desentenderam-se algum tempo depois e o amigo saiu bastante prejudicado. Apesar da riqueza material, o avô foi um pouco mais pobre, o pai perdeu bastante dinheiro em negócios infrutíferos e meu cliente, ainda que fosse um profissional gabaritado e requisitado em seu meio, vivia de aluguel e se locomovia num carro com 10 anos de uso. Conseguia ganhar bem, mas não retinha e não multiplicava os ganhos. A Constelação mostrou-o inteiramente ligado ao amigo lesado e à família do mesmo, que passou por grandes necessidades financeiras. Portanto, enquanto meu cliente não deixou a cargo do bisavô a responsabilidade pelo que ele havia feito e não trouxe para dentro do coração o amigo e sua família, sua vida financeira não deslanchou. Hoje, passado algum tempo, já conseguiu dar entrada num apartamento e comprou um carro bem mais novo.

Consegui me expressar, caro/a amigo/a? Entendeu que é válido sonhar com uma reviravolta esplendorosa na sua vida financeira ou, então, com os milhões de anúncios, na internet, ensinando a ganhar dinheiro fácil, mas que “o buraco é muito mais embaixo”? Compreende que, talvez, sua luta fatigante, na qual sente que dá exaustivamente e recebe muito pouco, tenha origem em seus antepassados? Pois, é…a maioria sequer imagina que um bisavô ou uma avó que não conheceram possa estar influenciando, até hoje, suas vidas.
Quer uma sugestão? Inicie uma prosa fiada, assim como quem não quer nada, com seus pais, avós (se ainda os tiver), tios, tios-avós, primos etc, e procure conhecer as histórias da sua família, sejam elas boas, ruins, alegres, tristes ou vergonhosas. Preste atenção aos detalhes, quem se dava com quem, quem tinha raiva de quem, quem era apaixonado por quem e, assim, sucessivamente.
Pesquise de onde você veio para poder saber até onde poderá chegar.

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