Construindo Um Relacionamento Feliz – parte 1

Ministro palestra em curso de noivos da igreja católica há vários anos. Quando olho aqueles jovens, geralmente entre 25 e 35 anos, penso comigo: “Não sabem de nada, inocentes!”

Acontece que só saberão, mesmo, se se casarem, dormirem e acordarem juntos, usarem o mesmo banheiro e brigarem por toalhas molhadas em cima da cama, além de outras situações similares.

Mas penso que a construção de um relacionamento feliz pode ser menos sofrida e amenizada se levarmos em consideração algumas coisas:

       1) Seria bastante interessante se os casais começassem a pensar sobre essa questão ainda no namoro (apesar do momento atual em que se sobressaem os(as) ficantes e peguetes, eu acho que ainda existem namoros, isto é, como diz o dicionário, “terem duas pessoas relacionamento amoroso contínuo ou por um período de tempo”). A dificuldade é que, na fase da paixão, somos inundados pelo neurotransmissor dopamina, o que nos proporciona uma sensação de êxtase. O mundo é lindo, os passarinhos cantam e só queremos ficar ao lado do(a) amado(a). O resto do mundo não importa, como incontáveis canções, no mundo inteiro, se encarregam de nos lembrar. Nessa hora, ninguém conta ao outro que ronca ou que dorme de rolinhos no cabelo, certo? Usamos máscaras o tempo todo, porque queremos “estar bem na fita”. Só que ninguém aguenta esse nirvana muito tempo, pois temos que trabalhar, estudar, viver e, portanto, aquele arrebatamento vai se tornando mais discreto, dando lugar à fase do amor. É a fase pé no chão, na qual começamos a perceber que “o cara” e “a gata” têm vários defeitos e nos decepcionamos com isso. Mas então entendemos que não dá pra ficar somente com a parte agradável e aprendemos a ceder e a entender melhor nosso par, no intuito de continuarmos o relacionamento. Ou aceitamos o pacote todo ou, então, partimos pra outra. É nessa hora que muita gente se separa, porque não está muito a fim de lidar com frustrações. A terceira fase é a mais difícil: a crise. Acontece sempre que entra um 3º na relação e não necessariamente precisa ser um(a) amante. O marido ficou desempregado, a sogra foi morar junto com o casal, nasceu um filho, a mulher quer fazer um concurso mas só tem vaga para outro estado etc. É hora de repensar o que está dando certo e o que tem que ser reestruturado. Nessa fase é que entra, na maioria das vezes, um psicoterapeuta para ajudar a clarear os caminhos que o casal está percorrendo e pretende percorrer.

       2) Todos viemos de uma família. Não importa se não conhecemos pai, mãe, se os tivemos presentes ou ausentes, se foram severos ou cordatos conosco, mas ninguém é filho de chocadeira. E, nesse contexto, o primeiro amor de todos nós foi a mãe ou quem fez sua função (uma madrinha, a avó ou até mesmo o pai). É através da mãe que aprendemos a amar e a nos relacionar com os demais. Mas essa simbiose deliciosa requer um corte, para que possamos nos constituir como pessoas separadas dela. Então, a figura do pai será preponderante para que nos lancemos ao mundo. Pessoas que não tiveram a sorte de ter a mão do pai empurrando-os, tornam-se eternos dependentes e “filhinhos da mamãe”. Provavelmente, terão dificuldades nos relacionamentos posteriores. Além disso, fomos criados em um lar, com suas crenças, mitos, religião, direitos e deveres. E assim aconteceu com nossos pais, avós, bisavós etc. Portanto, o que chegou a nós pode ter tido origem há muitos anos e seguimos repetindo, meio sem saber o porquê e se faz sentido na nossa vida. Acontece que os traços familiares são muito fortes e é a mais absurda ingenuidade pensarmos que nos livraremos deles tão facilmente. Porque, querendo ou não, estão esculpidos no nosso inconsciente, guiando nossas ações. Quer um exemplo? Tive um cliente que almoçava todos os domingos com seus pais, exatamente como faziam todos os irmãos casados. A esposa, no começo, não se importava. Pouco depois, começou a ficar incomodada com aquela tradição e se pôs a pressionar o marido, que foi incapaz de “trair” a família de origem. Começaram, aí, as brigas. Dessa forma, procure saber as histórias de sua família: porque reagem assim ou assado, em que geração isso começou, porque é importante – ou não – manter a tradição e seja transparente com seu par. Conte a ele sua história familiar e veja como reage. Converse! Exponha sua verdadeira face! Essa é a hora!

…..Continua no próximo post: Construindo Um Relacionamento Feliz – parte 2

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