Trate Seu Sintoma Como Seu Amigo

 

 

Caro leitor:

em primeiro lugar, eu vou começar esse texto dizendo uma coisa muito louca, que pode parecer um disparate aos seus olhos: se você tem enxaqueca e sinusites frequentes, ansiedade, pânico, incapacidade de dizer não, baixa autoestima, irritação e mau humor, timidez excessiva, qualquer tipo de compulsão, depressão, doenças autoimunes, alergias, psoríase etoda a sorte de sintomas, quaisquer que sejam, trate seu sintoma como um amigo! Sim, porque, na dor, esses fenômenos estão querendo te levar ao amor.

Explico: quando os mares estão calmos e os céus, de brigadeiro, vivemos felizes na nossa zona de conforto. Mas, a qualquer agitação das ondas e turbulência aérea, somos instados a nos mover e procurar nos realocar no espaço. E isso, certamente, será fator de desenvolvimento, ainda que, à primeira vista, o caos se instale, trazendo um frio desconfortável na barriga.

No livro intitulado O Que a Doença Quer Dizer (A linguagem dos sintomas), de Kurt Tepperwein, percebemos a íntima correlação entre Psiquê e Soma, ou seja, entre o órgão afetado e o mal estar psicoemocional. Por exemplo, no caso de doenças autoimunes, que mecanismo faz com que a própria pessoa ataque seus próprios órgãos? Qual a origem inconsciente desse mecanismo? O que será que dói tanto que acaba por lesar as células humanas? Há que se ter bastante coragem para buscar os elementos que façam o cidadão sair de si mesmo e ir além, em busca da solução da questão. Porque o que ele pode encontrar acaba por não ser muito belo e agradável. A origem pode estar num abuso sexual ou emocional, na dor sentida pelo abandono paterno do lar, na entrega para a adoção. Fatos ocorridos há tempos mas que vêm se manifestar no presente, evidenciando que ainda não foram resolvidos.

Imaginemos, também, alguém que seja refém de enxaquecas repetidas. Luzes piscam ao redor e a dorzinha leve vai se insinuando até à prostração total. Analgésicos já não fazem muito efeito. Acabou a zona de conforto e o sujeito vai em busca de tratamento. Procura um neurologista e inicia a medicação prescrita. As crises tornam-se menos frequentes e o cidadão se alegra: Ufa! Tô livre!. Mas, dali a pouco, o temido pisca-pisca anuncia a aura da dor. Então, se a coragem for maior do que o medo, é hora de respirar fundo, parar e se perguntar: Quando dói a cabeça, o que, realmente, dói dentro de mim? Por que a cabeça pesa tanto e parece uma panela de pressão, prestes a estourar? Por que tantas minhocas, cobras, lagartos e preocupações ameaçando irromper, causando tanta dor? E, nessas reflexões, começa-se a perceber os músculos tensos, de tanto levar o mundo nas costas, tal e qual Atlas, o Titã da mitologia grega. E os diversos compartimentos do intelecto – lotados de problemas a resolver – e o HD cerebral, que precisa de sucessivos deletes, para não pifar. Daí, na dor, na tentativa de entender seu processo de evolução, o sujeito se move para a generosidade e para o amor por si mesmo.

Por isso, caro leitor, pense se o que escrevi inicialmente não faz todo sentido: Trate seu sintoma como um amigo! Pois sua função é te alertar para o fato de que, se algo não vai bem, sua tarefa é descortinar o significado dessa situação. A dor é necessária para te tirar do lugar, provocar uma reviravolta, de modo que você desligue o alarme berrante imediatamente. I-me-di-a-ta-men-te. Porque alarmes berrantes, ouvidos durante muito tempo, ou tendem a nos ensurdecer ou tendemos a nos acostumar com seu som estridente. E nenhuma dessas alternativas é saudável.

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2 Comentários

  1. Marilia Miranda de Almeida

    Belíssimo trabalho, Ivana!

    • escrita

      Obrigada, querida!
      Grande beijo!

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